Não dá pra listar tudo
aquilo que eu posso acreditar.
Eu acredito na volta
dos militares
apesar da
familiaridade,
da facilidade, da
memória...
Eu acredito nesses e
outros terrores.
Eu acredito em
genocídios piores.
Eu acredito na estupidez
humana.
Os desastres que são
acreditados são menores
do que os créditos da
minha tragédia imaginada.
Eu acredito no heroísmo
da vontade
e em salvadores e
ascetas.
Eu acredito em
milagres e invisibilidades.
Eu acredito que há
espelhos virados para dentro
e nos vinte e dois
arcanos maiores.
Eu acredito no
caminho óctuplo, nos sete pecados, e nas capitais do mundo, nas fronteiras e linhas imaginárias e
no poder das palavras.
Eu acredito nas
diferentes culturas
que se tornam a mesma
quando demolidas até o
átomo.
Eu acredito em tudo.
Eu acredito nas
vindouras explosões– aqui, ou no coração das estrelas.
Eu acredito que crio sigilos,
que estão comigo em
algum abismo
enquanto eu tô caindo.
Eu acredito que o
sonho não é apenas um lugar
e que meus
personagens estão me esperando por lá.
Se for pra morrer,
quero estar de olhos abertos, mas sem dor.
Se houver apocalipse,
quero abrir a camisa e o peito
e esperar no telhado pelo fogo.
Eu quero oferecer
minha coxa como almoço para o tigre
quando estiver em
meditação
apenas porque posso dominar essa escolha.
Eu acredito que
estive nas discussões
mas inexisti nas ideias.
Eu tenho crédito a
ser cobrado,
eu tenho débito com amores
e favores a prestar.
Eu tenho acreditado
em tudo.
Eu acredito no sonho
que tive sobre o mundo
e que estou a caminho
do julgamento.
Eu acredito na magia
e no movimento.
Eu acredito que não estou
aqui.
É impossível ler Mantra III sem refletir sobre tal. Parabéns.
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