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Mostrando postagens de novembro, 2017

João-de-Barro

João-de-Barro se orgulhou e depois da própria criação, olhou no espelho. No reflexo viu as paredes, os quadros ainda não pendurados,  os painéis de madeira e os tijolos. Embora fosse o João-de-Barro, era só um nome, pois nada daquilo foi ele quem criou. Não, na verdade pagou com salário recolhido como um Cuco que rouba de outros filhotes a mesada parcelada em jogos, lanches e drogas. Mesmo assim no reflexo João-de-Barro se orgulhou, pois tinha boa aparência Um reflexo marrom e azul-escuro de sabedoria, com alguns títulos que na ficção seriam chamados “Honrarias” porque foram todos conseguidos com alguma medida de fraude. Nada criminoso. Apenas preguiçoso. E a beleza? Caída, flácida, inchada, com cicatrizes.  Freqüentemente fedorento. Mas claro que João era um bom operário  suas ferramentas e seu barro eram abstratos... Palavras, a serem moldadas  ou separadas em fragmentos. João era um mentiroso.