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Vortex em Rouge

          Antes da noite cair, suas roupas já haviam tocado o chão. A silhueta era lilás contra as cortinas feéricas, e o cabelo tinha o mesmo perfume que o nome dela: Lorena. Inspirei o ar com cuidado e ouvi meu coração como a máquina escarlate que me trouxe até ela, mas respiro com cuidado. Respiro e aperto as mãos. Sinto o cabo de madeira através do couro da luva e quase o toque delicado do metal na ponta. Mas não a ponto de me distrair em minha emboscada. Ela desliza nua pelo quarto e pega o pincel. Na tela ela dança fazendo as penas de um pelicano bordô.
      Observo com calma enquanto ela transporta tinta com pinceladas leves para a superfície da tela. Os mamilos médios naquele tom meio caramelo ficariam ótimos num cinto novo. A pele clara contrastaria de maneira sublime com o escarlate sanguíneo. Como um Jackson Pollock do inferno. Espero ela terminar sua pintura para que eu possa começar a minha.
      Ela se vira e sorri para mim. Estava contente com sua "obra prima". Girava como os redemoinhos nas videiras da costa sul. Era impossível não sentir vigor com aquela deusa em êxtase. Sua jugular exposta jorrava mais sangue por segundo do que havia no corpo. Ela notou o tamanho do meu desejo, tremulando como furor de frango. Rodopios insanos com tinta viva. A obra perfeita: Vortex em rouge.

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