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Haikai Entrópico e Silêncio


Haikai Entrópico

Crescem os corais
na muralha de ferro
da antiga nau.


Silêncio

Eu achava que não precisava
da firmeza do dia-a-dia,
da arqui-inimiga disciplina,
e aí escolhi a palavra.
E agora, com desnecessária rima,
eu tô aprisionado nessa sina:
Eu escolhi a palavra.

E é por que tenho em mim a burrice do óbvio,
o ocidente quase inteiro materializado,
que indiscriminadamente faço da minha voz
minha voz
quando melhor seria se eu falasse por outros meios.

Tenho quatro cordas, mas só uso as vocais.
tenho dez dedos para dois fatigar escrevendo
e desdenhando os desenhos que não fiz.
Ao menos tenho voz.
E minha palavra
só merece quem tem ouvido pra mim.

O silêncio marca a pausa nas mudanças
entre o que é
e o fim.

(ambos de Pedro Ribeiro Nogueira)

Comentários

  1. O silêncio é o início e o fim,
    Nada fala dizendo tudo,
    Um zero que representa o nada,
    mas tende ao infinito.
    Ou um círculo, que não tem ângulos,
    ao mesmo tempo sendo cheio deles.
    Como o universo, sem ponto de partida,
    que recomeça a todo instante.

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