Desci pelo elevador do Complexo Habitacional Manjunath com a unidade Xátria e Harker Gibb. Não havia nenhum defeito no funcionamento do elevador, mas a curta viagem vertical comportou uma cascata de pensamentos. Sem saber porque, computei as horas restantes da decoração programada do apartamento, encontrei uma outra forma para derrotar o rei na partida de xadrez, calculei o valor de reforma do sofá, pensei na comida que ninguém mais consumiria e vi que estava me despedindo de maneira prática. Pragmática. Programática. As portas do elevador se abriram e vi novamente o robô porteiro, que ainda tinha a feição de vergonha e tristeza. Eu sabia que sua programação não era capaz de produzir verdadeiros sentimentos, mas apenas a aparência deles. Se eu mesmo, o mais avançado tipo de robô doméstico, dotado de sentidos estendidos e orientações programáticas de zelo e atenção, não possuía de fato sentimentos, como poderia um robô mais simplório sentir qualquer coisa? Aquilo