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Mostrando postagens de outubro, 2018

Ikai - Parte 1

Passo após passo: um ritmo. Uma caminhada despejando som como a fúria aquosa de Indra, como trovões em peregrinação. Eu abro os olhos. Estou sobre um elefante vendo as ruas de Ratnapura; elas já estão úmidas, embora a chuva ainda esteja pendurada no céu. O elefante sacode em seu próprio compasso, mas tem os passos guiados. Não por mim, mas por um poderoso chip neural implantado entre seus olhos.   Uma espécie de carenagem protege o chip na cabeça do animal e o aprisiona em sua casta: Ele é um robota, embora não seja um robô. Ele é um escravo, e está me conduzindo. Eu fecho os olhos e ainda ouço o ritmo; sinto a chuva que começa a penetrar minhas vestes alaranjadas. A cidade tem cheiro de curry, óleo de carro, e – quando as gotas atingem o chão – terra e asfalto. Meu olfato percebe até o plástico escondido em todos os recantos dessa cidade. Percebo as pessoas em suas trajetórias e evidências minúsculas. Um florista tira a estande da rua protegendo as flores; ele tem enfisema e sei

Língua da Noite

Ela pisa suave pra não despertar o dia. É a noite e sua coroa é brilhante embora ela passe desapercebida. Quando ela está no meio de nós, os corações vão ao alto porque cada homem e cada mulher é uma estrela agrilhoada à escuridão. Quando a noite cai, todos os altivos servirão.

Aquarela

Eu quero seu nome em vermelho pela disputa e pelo desafio. Eu quero estar com símbolos azuis pelo poder, pelo porte e pelo domínio. Quero o verde azulado da confusão, o lilás do mistério, o dourado da estirpe, e quero vinho pra beber. O roxo da realeza quero pra realizar a minha vontade ígnea com você

Noite

Veste o manto de invisibilidades no dia e solta suas sombras à noite. Sussurra inaudível a verdade, escondida e acolhe nossas certezas e horrores. Os Thelemitas te deram nome egípcio e os Hindus te deram braços e cores Eu te dou apenas um dos meus nomes para que você me traga os anteriores.

Passado Tardio

Não é difícil criar um novo meme,  uma nova tese,  um novo nome mas na verdade é tudo muito velho. Vem de um tempo pretérito,  porém tardio,  como se tivesse  finalizado o futuro. Vocês não estão só erguendo muros, estão calibrando a mira, estão se colocando no alvo da rotina e estão sendo manobrados. Vocês olham no espelho e confundem com o que refletem: Não é a vida que está submetida à ideologia, É o contrário.