A cuia de madeira cheia de feijão cozido com barriga de porco era devorada ferozmente por uma boca fina, emoldurada por um cavanhaque grosseiro. O olhar sempre atento, por cima de um nariz achatado e um par de cicatrizes. Aquele casebre rancheiro era pequeno demais para a fome daquele homem. Uma velha mesa e uma cadeira de balanço emolduravam o cômodo. O cavalo amarrado lá fora, sempre pronto pra sair. A Colt encoldreada na cintura, sempre pronta pra atirar. O vento seco e seus odores já tinham avisado o que viria, contudo, quando seus olhos tocaram aquela silhueta longínqua a alma já sabia o preço do pecado. Engoliu seco seus pensamentos mais obscuros, calçou as botas surradas, se arrastou até a estante e beijou o resto daquele velho uísque. Ascendeu um cigarro, apanhou o chapéu e pôs-se à porta de casa. O sol refletia os cabelos dourados. Era como uma miragem. Tão doce que ele salivava. O sabor da infância perdida logo traz seu amargor e ao cru...