Passo após passo: um ritmo. Uma caminhada despejando som como a fúria aquosa de Indra, como trovões em peregrinação. Eu abro os olhos. Estou sobre um elefante vendo as ruas de Ratnapura; elas já estão úmidas, embora a chuva ainda esteja pendurada no céu. O elefante sacode em seu próprio compasso, mas tem os passos guiados. Não por mim, mas por um poderoso chip neural implantado entre seus olhos. Uma espécie de carenagem protege o chip na cabeça do animal e o aprisiona em sua casta: Ele é um robota, embora não seja um robô. Ele é um escravo, e está me conduzindo. Eu fecho os olhos e ainda ouço o ritmo; sinto a chuva que começa a penetrar minhas vestes alaranjadas. A cidade tem cheiro de curry, óleo de carro, e – quando as gotas atingem o chão – terra e asfalto. Meu olfato percebe até o plástico escondido em todos os recantos dessa cidade. Percebo as pessoas em suas trajetórias e evidências minúsculas. Um florista tira a estande da rua protegendo as flores; ele tem enfisema e...