A abóboda se erguia de uma lâmina de água negra e dourada até o limite da visão. Na água paralisada uma canoa esperava que alguém a conduzisse até o centro, desenhando um raio naquele círculo gigante. No centro havia uma ilhota com um vegetal brilhante que emitia sons. A forma como a planta crescia – em simbiose com fungos e colônias de bactérias – exigia a escuridão: Seu ego era muito grande para disputar com o brilho de um sol, e por isso apenas no planetóide escuro Caronte II a planta aceitava existir. O planetóide exterior tinha uma crosta congelada, mas que abrigava em cavernas submersas vários bolsões de ar. Nestes bolsões a vida se espalhava homogênea na forma de plantas brilhantes. O Lumo, como era chamada a planta, também existia no Tártaro, que por sua vez era uma cúpula inteligente de tecnologia alienígena. Ela havia sido criada há muito tempo, e a raça que a ergueu deixou apenas aquelas paredes ovais e douradas como herança: o único habitat artificial capaz de gerar Lu...